A Bloober se consolidou nos jogos de terror nos últimos anos com títulos como Layers of Fear e Observer, e acabaram com a difícil tarefa de fazer o primeiro exclusivo para o Xbox Series X/S e mostrar todo o poder que o console tem a oferecer.
Durante toda a jornada por Niwa, Marianne vai se deparar por várias histórias de pessoas que se foram, enquanto precisa fugir de uma criatura que habita o lugar procurando almas perdidas para consumir.
O jogo aborda temas muito pesados envolvendo diversas formas de traumas e abusos, e como essas cicatrizes para sempre serão um tormento podendo tirar toda a humanidade das pessoas. Tudo é tratado com a devida seriedade e mesmo mostrando que certas pessoas terríveis têm vários traumas ele não tenta redimir suas ações. A construção de mundo também é muito boa, as regras envolvendo os poderes de Marianne e os espíritos são muito bem explicadas, o contexto histórico que o jogo se passa também se encaixa na história, entretanto uma revelação no momento final do jogo podia ter ficado menos explícita, já que durante toda a jornada essas respostas podem ser encontradas pelo jogador.
A trilha sonora feita por Akira Yamaoka junto de Arkadiusz Reikowksi como seus outros projetos e impecável dita muito bem os momentos, e ainda traz algumas surpresas para quem gosta das trilhas de Silent Hill.
-O poder da nova geração
Para representar visualmente a realidade dividida da protagonista, a Bloober decidiu fazer que só poderia ser possível nos novos consoles, renderizar duas cenas diferentes de uma vez. São dois cenários distintos feitos de uma vez, com diferenças de estrutura, e arte. Enquanto o mundo real segue uma linha artística mais padrão sua contraparte se destaca artisticamente. Inspirada pelas obras do pintor polonês zdzisław beksiński trazendo uma atmosfera bela e melancólica. Um lugar desolador similar a um mundo pós apocalíptico, junto de ossos, peles e uma coloração remetendo um pouco ao mundo invertido de Silent Hill. Essa divisão também é refletida nas mecânicas do jogo.
Com as duas realidades vem também problemas de otimização, no PC ele apresenta um problema grave de otimização, nas recomendações mínimas ele beira o injogável nos momentos de tela dupla. Além disso, ele apresenta uma série de bugs que envolve coisas como a câmera ficar travada numa cena enquanto devia ter trocado, cutscenes não iniciando e um onde na área final a criatura fica presa na porta onde precisamos passar tornando impossível avançar.
-Não é Silent Hill, mas é quase
The Medium bebe muito de jogos de terror dos anos 90, principalmente de Silent Hill, em temas, mecânicas e até em alguns pontos estéticos, mas usa isso para tornar uma coisa própria, pode ser um início para uma franquia que se torne gigante. No momento ela mata um pouco a saudade da franquia da konami que pode nunca retornar.